Por Iwska Isadora de Souza
Educador por profissão e poeta por amor às palavras. Amor esse, que tornou-o uma radiante representação da poesia potiguar. Nasceu em Angicos, interior do Rio Grande do Norte, em 28 de junho de 1943. Filho de Luís da França Martins e Lutécia Peres de Araújo é o segundo filho do casal. Uma irmã mais velha e cinco irmãos, todos “Josés”. Segundo ele, o nome em comum entre eles foi devido a uma promessa que sua mãe, bastante religiosa, fez ao Padroeiro da cidade, São José dos Angicos. Aprendeu a ler com sua avó Maria das Chagas Martins, mais conhecida como Dona Liquinha, e foi ela quem o “desarnou”.
Sobre a infância em solo angicano, o poeta conta, com olhares mergulhados a tantas lembranças que amava ir às cantorias com seu avô, e sendo o neto mais velho, era o fiel companheiro que assistia as violas ganharem vida. Ouvia as cantorias e observava a rima nas palavras. Dizia que elas eram “amigas”, e ninguém precisou ensinar isso ao pequeno Jarbas. Tinha o costume de misturar os sentidos, atribuindo cores e sabor ao seu cotidiano. Passava as férias em Natal, e quando pensava na cidade, lembrava-se de uma textura aveludada. “Açúcar tinha cor de nuvem e Angicos uma cor levemente alaranjada”. Era coisa de criança e ele não contava isso para ninguém. Mais tarde, estudando Literatura no ensino secundário, aprendeu com alguns autores sobre a Sinestesia e percebeu que existia uma explicação para as estranhezas de menino. Fez seu primeiro poema aos dez anos de idade, homenageando Nossa Senhora da Apresentação. O sentir poético nasce com a pessoa. Ele já era poeta e não sabia.
A juventude de Jarbas Martins oscilava entre os desejos de ensinar e o encanto pela poesia. Foi professor pela primeira vez no Colégio Atheneu, bairro de Petrópolis, onde dava aulas de Literatura Brasileira e Portuguesa. Jarbas participou do movimento estudantil de 1963, estudou Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde teve uma forte relação com professores que também eram escritores, como Edgar Barbosa e Câmara Cascudo. Com menos de trinta anos de idade, prestou concurso para o Ministério Público, comprou seu primeiro carro e atuou como Promotor de Justiça, mas nunca abandonando as salas de aula. Era bastante cobiçado pelas moças e comenta que essa fase de sua vida foi um período marcante, onde o sentimento de indepêndência se firmava cada vez mais.
Jarbas comenta que sempre foi um homem marcado pelas paixões, e o cinema está entre elas. Jarbas Martins foi um dos fundadores do Cine Clube Tirol e afirma que foi a partir daí que começou a se falar do Cinema como Arte, por volta dos anos 60. Sendo um homem conversador, afirma que sempre gostou de frequentar cafés para compartilhar conhecimentos. O Café São Luíz foi local frequentado por ele durante mais de vinte anos, o que resultou em encontros em livrarias e cafés de shopping. Hoje, Jarbas escreve mais poesia que antigamente, e afirma que as redes socias contribuem para isso. O poeta lançou em 1994 o livro 14 versus 14 – Itinerário do Soneto Norte-rio-grandense. Em 1996 Contracanto, e em 2008 lançou Anti-elegia para Emmanuel Bezerra, um nome por fazer. Diz que em breve lançará uma coletânia de inéditos.
Formado em Direito (UFRN) com especialização em Ciência Política (PUC/SP), Promotor de Justiça aposentado, atualmente é professor da UFRN, lecionando as disciplinas Cultura Brasileira e Comunicação e Artes Visuais. No Festival Literário de Pipa (Plipipa) de 2011, Jarbas foi mediador da mesa de Arnaldo Antunes. O poeta angicano hoje mora em Ponta Negra (Natal-RN) com sua esposa Irani Rodrigues e seu filho Lucas. Jarbas Martins é sem dúvida, um dos poetas mais destacados do Rio Grande do Norte. Sempre que pode, visita sua querida mãe, que tem noventa anos. Vascaino e ABCdista de paixão, considera-se paternalista e confessa que sua grande felicidade nos últimos oito anos é ser avô.
Jarbas Martins como mediador na Flipipa de 2011
A repórter Iwska Isadora de Souza e o poeta Jarbas Martins durante a entrevista
“A vida possui um vazio. Gostaríamos que ela fosse diferente, por isso a gente escreve. Temos que criar ou fingir que estamos criando.” (Jarbas Martins)
=') Adoreei a história dele! ;]
ResponderExcluirO Perfil ficou ótimo!!