segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Alípio de Sousa Filho e a revista Bagoas


 Por Tatiana Souza de Oliveira Farias

Alípio de Sousa Filho, professor da UFRN, formado em ciências sociais, com doutorado em sociologia pela Sorbonne e pós doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é o criador da revista Bagoas, publicação semestral do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), com foco na publicação de artigos resultantes de estudos teóricos e pesquisas empíricas sobre gênero, sexualidade e homossexualidade, destacando espaço para os estudos gays, reflexões sobre o erotismo, lesbianismo, transgêneros, conjugalidades e parentalidades homossexuais.
Bagoas: Eunuco Persa, dançarino, que pertenceu à corte de Dario III e, posteriormente, de Alexandre Magno. Viveu no séc. IV e é descrito como dono de uma beleza incomparável. Exímio dançarino, andrógino, foi um dos cortesãos e amantes preferidos de Alexandre, O Grande.
Perguntado sobre como surgiu a idéia da Bagoas, o professor Alípio de Sousa Filho conta que estuda o tema da homossexualidade há algum tempo, que sempre fez parte de seus interesses de estudo e pesquisa. Disse ainda que a ideia de criar uma revista para a publicação de artigos e ensaios sobre as temáticas de gênero, sexualidade, homossexualidade etc. veio da constatação da ausência de um periódico acadêmico com este perfil nas nossas universidades. No segundo semestre de 2007, durante uma viagem de férias, enquanto dirigia seu carro por estradas da Bahia, em direção a Salvador, a ideia da revista (seu nome, formato etc.) foi aos poucos surgindo e inspirando-o. “Pensei uma revista acadêmica, mas sem se dobrar  ao cientificismo que predomina em certas revistas universitárias. Pensei uma revista de vocação militante, crítica, engajada no debate epistemológico e político-público. De volta a Natal, apresentei a proposta ao Diretor do CCHLA, o professor Márcio Valença, que aprovou a ideia imediatamente. A revista tem hoje o perfil que pensei para ela e que foi também compartilhado com os colegas que compõem a comissão editorial e o conselho consultivo. Ao ser criada, a Bagoas foi exaltada como a primeira revista acadêmica de estudos gays da América Latina e em países de língua portuguesa”, explica Alípio.
A Bagoas tem repercussão não só nacional, mas também internacional. É hoje uma revista consolidada no campo dos chamados estudos de gênero e sexualidade. Desde seu primeiro número, em 2007, a revista já publicou artigos e ensaios de pesquisadores do Brasil, Chile, Peru, Portugal, França, Espanha, Itália, Estados Unidos. Autores ligados às universidades nesses países ou com atuações intelectuais públicas a partir de suas atuações em instituições de pesquisa ou de lutas sociais. A distribuição através da venda nas principais livrarias do país e da cidade de Natal, assim como a distribuição gratuita através da remessa a bibliotecas públicas e universitárias, a Ongs, a órgãos de pesquisa, entre outras, tem permitido um amplo acesso da revista e sua circulação. A revista Bagoas, desde sua criação, é também publicada em formato eletrônico no site próprio da revista que é o www.cchla.ufrn.br/bagoas. Alípio fala ainda que já alcançou seus objetivos com a revista, não apenas em termos de circulação, mas igualmente quanto ao papel pretendido com a Bagoas desde sua criação: “fazer circular reflexões críticas sobre as questões ligadas à diversidade sexual, gênero, práticas de discriminação e preconceito quando se trata das diferenças e dissidências em termos de práticas erótico-sexuais em nossa sociedade relativamente ao que esta mesma sociedade mantém como sua presumida normalidade”.
O professor afirma que continuará trabalhando para que a Bagoas se afirme, cada vez mais, como espaço para essas reflexões. “Atualmente, a revista já está muito bem qualificada pelo Qualis CAPES, um sistema de avaliação dos periódicos acadêmicos, e somente tende a crescer nessa avaliação”.





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